O BICHO DA SEDA
O pintor Delson Uchôa visita a caatinga, árida e desbotada pelo excesso de luminosidade, e distribui cor. O ambiente natural acede à condição de paisagem. A terra pobre torna-se pródiga em flores e frutos da luz. Essa é sua pintura seca, seda sintética de sombrinhas made in china, que também alude aos jogos planares dos Bichos de Lygia Clark. Na caatinga, o sublime é espanto perplexo, pois o Bicho da Seda também revê criticamente sua condição material. Essa cor se propaga pelo dumping de mercadorias chinesas produzidas com a exploração da mão de obra degradantemente barata, produto descartável e antiecológico. Essa é a matéria sensorial e perversa do pintor do século XXI
Paulo Herkenhoff